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20 de julho de 2013

Transplante de medula elimina vírus HIV de dois pacientes nos EUA

Dois pacientes com HIV foram identificados como livres da infecção após passarem por transplante de medula para tratar um câncer sanguíneo, segundo anúncio nesta quarta-feira em uma conferência internacional sobre Aids. O tratamento que permitiu aos pacientes abandonar a medicação contra o HIV foi realizado em Boston, nos Estados Unidos.

O resultado lembra o caso conhecido como "o paciente de Berlim". Timothy Ray Brown recebeu o transplante de medula de um doador com uma rara mutação que oferece resistência ao HIV e não apresentou sinais da infecção mesmo cinco anos após o tratamento.

Segundo os pesquisadores, os casos de Boston, assim como o de Brown, não representam uma alternativa para os 34 milhões de pessoas com HIV. O tratamento só foi possível devido ao câncer sanguíneo dos pacientes, que tiveram acesso a hospitais com os recursos avançados necessários para realizar esse tipo de transplante.

Segundo a presidente da Sociedade Internacional da Aids e pesquisadora responsável pela descoberta do vírus HIV, Françoise Barré-Sinoussi, as descobertas de Boston são "muito interessantes e encorajadoras". O anúncio dos casos foi feito na conferência anual da entidade, em Kuala Lumpur, na Malásia.



Médicos do Brigham and Women's Hospital, onde os tratamentos foram realizados, evitam falar em cura. A técnica utilizada envolve um enfraquecimento do sistema imunológico antes do transplante da medula óssea. Esse procedimento pode ser fatal em até 20% dos casos.

"Não podemos falar em cura, o acompanhamento dos pacientes [após o tratamento] ainda é muito curto", explicou ainda uma das médicas responsáveis. Os médicos explicam que após o transplante as novas células atacam as células antigas do paciente em um processo que pode durar nove meses e, sem controle, pode ser fatal.

Os pacientes de Boston usaram imunossupressores e esteroides e continuaram com a medicação contra o HIV para que o vírus não se reproduzisse. Como as células antigas, onde o vírus se aloja, foram eliminadas, os especialistas acreditam que os pacientes podem ter se livrado completamente da infecção. Segundo os médicos, seria antiético fazer o tratamento em pacientes que não estivessem em estado crítico, especialmente porque a maioria das pessoas com HIV pode levar uma vida praticamente normal fazendo uso de medicamentos.

Um dos pacientes abandonou os remédios contra o HIV há sete semanas. O outro está sem medicação há 15 semanas. Nenhum traço do vírus foi encontrado em seus sistemas imunológicos desde então. Em casos normais de abandono dos antirretrovirais, o vírus volta a aparecer em menos de um mês, mas o período pode variar dependendo do paciente.

"Pode voltar em uma ou seis semanas", explica Timothy Henrich, médico responsável pelos pacientes de Boston. "Só o tempo dirá", acrescenta.